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INFLAÇÃO QUE VEM DO CAMPO AGORA TEM FOCO NAS CARNES

26 abril 2019

A inflação das carnes já chega ao bolso dos consumidores. Nos últimos 30 dias analisados pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), o quilo da carne suína subiu 2,45% no varejo, o da bovina, 1,25%, e o do frango, 2,20%. No mesmo período, a inflação média foi de 0,36% para os paulistanos.

Os preços dos animais atingiram patamares recordes no campo nas últimas semanas. Houve uma conjugação de oferta menor para abates e de demandas interna e externa maiores.

Os produtores ainda mantêm os preços aquecidos no campo, mas as próximas semanas irão determinar os novos patamares de negociações.

Heloísa Xavier, da JOX Consultoria Agropecuária, afirma que a demanda externa ainda ajuda a manter os preços, mas internamente o mercado está mais fraco.

A demanda do início de maio vai determinar novos rumos para o setor, segundo ela. Se se concretizar uma continuidade da perda de renda do consumidor, a pressão sobre os preços será menor. Aí o foco do setor continuará sobre as exportações.

“Não há uma fragilidade, mas já não se tem mais a firmeza dos preços das semanas anteriores. Pode ser que ela recomece no próximo mês”, diz ela.

Examinando os diversos setores da pecuária, a analista da JOX diz que o preço da arroba do boi está firme porque a oferta de animais é restrita. Essa situação pode mudar caso haja aumento da oferta nas próximas semanas.

A disponibilidade de frangos é pequena porque houve queda no alojamento de pintinhos, o que mantém os preços aquecidos.

No caso da carne suína, a demanda é maior, mas já há uma estabilização de preços nas últimas três semanas.

O cenário do mercado interno, porém, não é o mesmo do externo. A demanda externa continua aquecida, e o Brasil, um dos poucos países que têm volume de carnes para serem exportadas, continua no foco dos importadores.

Entre os compradores está a gigante China, que poderá ter um déficit de 10 milhões de toneladas de carnes neste ano, devido ao alastramento da peste suína no país.

Dependentes da carne suína, os chineses vão ter de recompor a demanda com outros tipos de carne.

Assim, a inflação originada no campo deixa de vir do feijão e vai para as carnes.

A leguminosa subiu porque a primeira safra teve quebra de 25% nos primeiros meses do ano. A partir de agora, a segunda e a terceira safras de feijão vão render mais do que no ano passado, inibindo altas acentuadas como nos meses passados.

Fonte: Folha de São Paulo