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COM CÂMBIO E CRISE, BRASIL PODE DEIXAR GRUPO DE 10 MAIORES ECONOMIAS

18 maio 2020

A retração da atividade provocada pela pandemia do coronavírus e a aguda desvalorização do real podem fazer com que o Brasil deixe o grupo das 10 maiores economias do mundo em 2020, segundo levantamento da Austin Rating cedido com exclusividade ao Broadcast. Seria a primeira vez desde 2005 em que o País não figuraria no ranking. O levantamento considera as projeções divulgadas em abril pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para as economias do mundo em 2020 e a taxa de câmbio média dos países até o dia 8 de maio. No caso do Brasil, com retração de 5,3% no Produto Interno Bruto (PIB) e câmbio médio a R$ 5,1806, o PIB em dólares cairia a US$ 1,398 trilhão, de US$ 1,847 trilhão no ano passado – o suficiente para que o País caia da 9ª para a 12ª posição entre as maiores economias do mundo, superado por Coreia do Sul, Canadá e Rússia. “Sair do grupo dessas economias tem um caráter muito mais simbólico, mas o resultado efetivo dessa queda do PIB em dólares deixa evidente para o investidor estrangeiro que os problemas domésticos no Brasil são muito maiores do que em outras economias emergentes. Enquanto Rússia, Coreia do Sul, China, México e Índia estão subindo no ranking, nós estamos perdendo posições”, avalia o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, responsável pelo levantamento. Entre as 15 maiores economias de 2019, o Brasil teve a maior desvalorização cambial neste ano: de 22,0%, muito superior à do México, o segundo colocado, com queda de 15,74% no valor do peso mexicano ante o dólar. Excluindo os dois emergentes, a desvalorização cambial média das demais economias do grupo atingiu 2,9% neste ano. Por causa da desvalorização cambial, o País perderia mais posições do que outras economias para as quais o FMI projeta quedas ainda mais intensas no PIB. A Rússia, por exemplo, continuaria na 11ª posição, mesmo com queda de 5,5% no PIB, e a Itália permaneceria na 8ª colocação, apesar da retração de 9,1% no PIB projetada pela instituição. “No top 5, temos dois países emergentes, China e Índia. À frente do Brasil, no 11ª lugar, vai ficar a Rússia – são os países do BRICS, que concorrem conosco na atração de investimentos. O investidor vai ver a desvalorização da nossa moeda, investigar o País e ver crise política, um problema fiscal, um problema de segurança jurídica. Isso vai afastar esse investidor cada vez mais”, afirma Agostini. Para o economista, também não é impossível que o PIB do Brasil em dólares fique ainda menor, caso a tendência de desvalorização do real se aprofunde e, na média do ano, o dólar supere o atual nível de R$ 5,18. Nos cálculos de Agostini, se a perda de valor da moeda brasileira ante a americana chegar a 28,0%, dos 22,0% até agora, o País já poderia cair para a 13ª posição no ranking, superado pela Espanha.

Fonte: Broadcast