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Em 2021: o que vem pela frente?

1 fevereiro 2021

A pandemia que atingiu a todos no último ano, e que perdura em 21, teve origem em uma doença que não havíamos previsto. Precisamos aprender a trabalhar na condição imposta pela situação e, desta forma, tivemos uma mudança do perfil de consumo da população. Essa mudança não aconteceu somente pela ajuda do auxílio emergencial do governo, que permitiu que as pessoas continuassem consumindo. Mas, de um modo geral, aumentou muito o consumo de alimentos, bebidas, mas também de itens de luxo e higiene, pois as pessoas precisaram ficar em casa, então elas transferiram a renda que empregavam em outras questões para dentro de seus lares. E esse cenário, com um aumento do dólar refletiu nas atividades da pecuária, que, ao somar ao recorde de exportação, fizeram com que a bovinocultura de corte registrasse os preços mais altos da história pela arroba, tendo em alguns períodos a cotação rompendo os R﹩300. Podemos destacar que no ano de 2020 a pecuária teve dois movimentos: o primeiro deles foi o aumento das exportações de carne e grãos (que atingiram números recordes), isso fez com que a demanda pelo produto fosse maior, ocasionando o aumento de preço no mercado interno; e segundo foi a menor oferta de animais para abate, pois os pecuaristas, vendo maiores vantagens na reprodução, optaram por reproduzir em vez de abater um grande número, o que fez com que o período tivesse mudanças significativas na quantidade de animais para consumo. Um outro ponto é que com a necessidade maior de alimentos como soja e milho, que são componentes da nutrição das criações de animais, e a alta exportação destes grãos para a China, ocasionou o aumento dos preços dos grãos, e na redução de oferta deles para o mercado interno de nutrição animal. Mesmo com grandes ganhos, em função do ciclo natural da pecuária em soma com os valores altos dos grãos, toda a vantagem que o pecuarista teria foi diluída pelo aumento do custo da dieta. O que nos mostra que precisamos aprender a trabalhar de forma diferente. Algumas impressões do que tenho observado através dos comentários dos pecuaristas são: enquanto alguns são da opinião de que em 2021 a gente aprenderia a trabalhar numa situação diferente e ter bons resultados, tem o outro lado que diz que será o pior ano da história. Além do aumento dos preços das matérias-primas, algo ainda mais incerto tomou conta das empresas. A pandemia em seu início trouxe muita insegurança sobre o futuro dos negócios, além do impacto psicológico causado às pessoas. Era preciso continuar abastecendo as fazendas e proteger nossa equipe ao mesmo tempo, nossas plantas industriais não podiam parar. Como nos adaptarmos ao homeoffice? Como informar nossos clientes sobre novas tecnologias sem o contato direto diário? Foi preciso nos reinventarmos a cada dia. Baseado na minha experiência e impressão, a gente tem que ler, estudar, fazer os planejamentos e análise dos panoramas, mas não faria uma previsão nesse momento. A única coisa que podemos fazer para trabalhar nesse mercado é sermos criativos. Desejo que possamos olhar um pouco mais para dentro de casa, revisando todas as estratégias, e nos adaptando a essa realidade, nos permitindo aproveitar os momentos bons que o mercado nos oferece sem deixar de reservar uma parte financeira para os momentos difíceis que possam surgir. Enquanto o mundo não voltar à normalidade, vamos precisar aprender a viver com a volatilidade. Minha impressão então é que este ano não será tão ruim, mas, ao mesmo tempo, me preocupo. Para 2021, é importante continuar realizando a manutenção dos compromissos assumidos e a continuidade da parceria no fornecimento de produtos. Este é o ponto de vista da Nutricorp, mas é algo de grande valor para a cadeia como um todo. Afinal, não podemos deixar de plantar mesmo diante da crise, pois ela, em algum momento, terá um fim. Também é válido lembrar que os pecuaristas, que jamais imaginaram ver ou viver um ano como 2020, sabem sobre o quanto é importante o planejamento prévio, independentemente do tamanho da sua propriedade ou da quantidade de cabeças de gado. 2021 tem a possibilidade de ser ainda mais desafiador. Em 2020 enfrentamos o inesperado e usamos todas as nossas forças de sobrevivência pessoal e empresarial, mas agora temos pela frente desafios já sabidos. A consciência da situação nos torna ainda mais responsáveis por ela. E meu conselho, reforço, seja criativo, agregue valor através da melhoria da qualidade do rebanho. Em momentos de crise temos sempre duas opções: aumentar tecnologia ou reduzir custos, eu lhes digo para equilibrar ambas. Opte por utilizar produtos mais tecnológicos, porque isso pode significar maiores ganhos na produtividade, não olhando somente para redução de custo. Terminado o animal com melhor qualidade de carcaça, este não é o momento de diminuir tecnologia. Mas também seja precavido e tenha a sua reserva formada para assegurar o futuro do seu negócio. Dessa forma, você sempre poderá engordar animais com mais qualidade e estratégia nutricional mais tecnológica, buscando ganhos de produtividade, com riscos monitorados. Helio Zylberlicht – fundador da Nutricorp Fonte: Nutricorp