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LEPROSE dos CITROS: RETORNO DA INSPEÇÃO E ATUALIZAÇÃO EM TEMPOS DE GREENING

17 agosto 2020


A preferência do vírus da leprose é pelo ramo novo e pela fruta. O ácaro, diferente dos outros, é achatado e lento no caminhar, passando por três mudanças de pele até formar o adulto. Nessas mudanças, eles se fixam na casca pelos estiletes, esticam as pernas e ficam imobilizados por um tempo. A disseminação pelo vento, então, é mais difícil, precisando ser mais de 60 km/hora. Se espalham também pelo vento, pelas folhas, pela colheita e pelos colhedores. As folhas não são preferenciais para alimentação porque ficam pouco tempo herbáceas e as infectadas caem precocemente. Já as frutas são as preferidas porque duram desde a florada (setembro/outubro) até a colheita, que varia conforme a variedade (precoce, meia estação e tardias). As duas últimas se superpõem com a safra seguinte e a Pera, com outras floradas secundárias. As manchas só aparecem nos ramos novos e frutas aos 30 a 60 dias depois da picada e as sequências são produzidas pelo mesmo ácaro infectado, que antes se infectou ao picar numa área já infectada por outro anteriormente e dentro dos 30 a 60 dias antes da mancha aparecer. Baseado no comportamento do ácaro com o vírus, estabelecemos duas unidades amostrais para o ano todo, mas que passam por um momento crucial, que é o ramo da safra com a sequência fenológica > gema/botão/flor/”chumbinho”/”grão-de-café”/”azeitoninha”/”azeitona”/”pingpong”, sendo o tamanho pingpong o início da infestação do ácaro que chega das “avenidas” internas da copa. Essas avenidas partem do centro e das laterais de toda a planta, que são os galhos (refúgio e repouso), frutas temporonas (refúgio e repouso) e ramos novos (alimentação e Infecção). Na ponta dos ramos novos do ano, está o objetivo final do ácaro, que é o fruto já em formação num tamanho apropriado para sugamento de seiva. É o tempo de deslocamento iniciado no final do inverno, caminhando lentamente no ramo novo tenro se formando na primavera, emitindo a gema floral, o botão e a flor que coincida mais ou menos com o início da primavera, que é setembro. A fruta pingpong se forma em novembro-dezembro para todas as variedades. É o momento que chega o ácaro para completar sua jornada e iniciar a alimentação e reprodução. No trajeto do ramo novo é que ele se contamina, se já não estiver enquanto em quiescência (sem se alimentar). Depois de atingir o fruto pingpong, nele permanece e se reproduz partenogeneticamente (sem machos), aumentando a população, sincronizado com o crescimento do fruto até próximo à colheita (±300 dias de casca verde para picarem por várias gerações). Percebem, então, que, para o pragueiro acompanhar o ácaro e ele ir sendo controlado com aplicações certeiras, a inspeção tem que se iniciar no momento da florada, no ramo de 30 cm que se segue atrás dessa flor, e terminar na colheita da fruta desse ramo, que chamamos ramo do ano (Foto do topo). 1. Examinar ao longo de 30 cm em dois ramos do ano, ao acaso, com flor ou fruta na ponta; 2. Examinar dois frutos internos da copa (0,5 m ou mais para dentro) da safra anterior ou frutas temporonas e, depois, frutas do ano mesmo. Nós ainda ficamos no 1% das plantas, mas há quem já realize em 3%, conforme uma pesquisa indica e ter maior garantia de encontrar o ácaro. Alerta aos citricultores: não dispensem o serviço dos pragueiros e lembrem-se que as pulverizações têm que atingir os ramos internos, as frutas internas e as frutas da safra, que é onde os ácaros estão, presos nas superfícies, ao contrário dos psilídeos que estão nos ponteiros dos ramos novos. Prof. Santin Gravena, Aposentado da UNESP, Consultor do GCONCI.