Notícias

O Que Acompanhar em Julho no Agro

17 agosto 2020


Prof. Dr. Marcos Fava Neves Na economia brasileira se acumulam as más notícias. O Banco Central estima agora a retração do PIB em 6,4%. O último boletim Focus do BACEN (26 de junho) revela expectativa de fechamento do IPCA em 1,63% para este ano e 3,0% em 2021. O PIB deve cair 6,54% em 2020 e crescer 3,5% em 2021, enquanto que, para os respectivos anos, a meta da Selic deve encerrar em 2,0% e 3,0%. Para o câmbio, o mercado espera R$ 5,20 no fechamento deste ano e R$ 5,00 no próximo. No momento do fechamento desta coluna a taxa cambial estava em 1US$ = R$ 5,28. Minha aposta é que em dezembro teremos algo próximo a US$ 1 = R$ 4,70. No agro, os destaques são para 9º boletim da safra da Conab, que estima uma produção de grãos de 250,5 milhões de toneladas, 3,5% a mais que no ciclo anterior, confirmando potencial recorde. Já a área plantada deve crescer 3,6%, atingindo 65,6 milhões de hectares. A produção de pluma de algodão está estimada em 2,89 milhões de toneladas, incremento de 3,9% frente a safra anterior. A colheita de milho primeira safra está praticamente encerrada, com produção de 25,4 milhões de toneladas, ligeiramente inferior à passada (-0,8%), mas a segunda safra deve compensar, crescendo 1,4% e produzindo 74,2 milhões de toneladas. Para a soja há expectativa de safra recorde de 120,4 milhões de toneladas. Culturas de inverno estão em plena operação de plantio, com estimativa de crescimento de 5,5% em sua área. Em maio, as exportações do agronegócio atingiram novo recorde para o mês, com montante de US$ 10,93 bilhões, valor 17,9% superior ao do ano passado, de acordo com o MAPA. As exportações do agro representaram 60,9% de tudo que o país vendeu. Novamente o destaque é para o complexo soja, com US$ 5,88 bilhões, o que representa 54% dos produtos agro. Em segundo lugar, as carnes exportaram US$ 1,58 bilhão (+11,5%) graças à carne bovina com valor de US$ 780 milhões (+35,0%) e carne suína com US$ 266 milhões (+57,3%). Dentre outras categorias, produtos florestais exportaram US$ 1,04 bilhão (-23,7%) e café US$ 519 milhões (+17,7%). Já as importações diminuíram 29,3%, totalizando US$ 835,78 milhões, deixando o saldo do agro em US$ 10,1 bilhões. Segundo dados do IBGE levantados por reportagem do G1, praticamente 50% do que vem do campo brasileiro passa por cooperativas. São responsáveis por 75% do trigo, 55% do café, 53% do milho, 52% da soja, 46% do leite e 43% do feijão do Brasil. De acordo com a OCB, são 1.613 cooperativas no Brasil com aproximadamente 1 milhão de produtores e 71% de pequeno porte. Aproximadamente 210 mil empregos diretos e faturamento de R$ 200 bilhões por ano. Os cinco fatos do agro para acompanhar agora diariamente em julho são: 1) O avanço da flexibilização do isolamento social em cada país, os riscos de novas ondas de infecções e os consequentes impactos do coronavírus na economia mundial, trazendo impactos nas exportações do agronegócio e nos preços das commodities; 2) Da mesma forma, acompanhar a flexibilização no Brasil e seus impactos. O andamento dos problemas de contaminações nas unidades produtivas, nas operações logísticas, a governança política e a gestão da crise política instalada e seus efeitos no câmbio. 3) O comportamento do clima na safra dos EUA e na nossa safra de inverno; 4) China: seguir as notícias dos impactos das restrições colocadas às importações devido a alegações de possíveis contaminações em cargas de produtos pelo coronavírus; 5) A campanha contra o Brasil na questão ambiental e quais os impactos que isso pode trazer. Acompanhe na página DoutorAgro.com, no canal do Youtube (com meu nome) e no MarketClub Credicitrus, a que agradeço ao apoio, os vídeos de agro que coloco semanalmente e no LinkedIn as notícias diárias. Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio. Confira textos, vídeos e outros materiais no site doutoragro.com