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O QUE ESPERAR PARA A SUINOCULTURA EM 2019

10 maio 2019

Do outro lado do mundo, milhares de pessoas celebraram a chegada do ano do porco, seguindo o calendário do horóscopo chinês, um ano esperançoso e prometedor. Mas, sem entrar nos méritos da astrologia, a situação é bem mais complexa quando se fala em mercado e suinocultura – especialmente na atual conjuntura da China. Nos últimos meses, surtos de Peste Suína Africana (PSA) em granjas chinesas resultaram em perdas de mais de 900 mil suínos. Apesar da distância física, o efeito da enfermidade no gigante asiático, maior produtor do mundo e responsável por 50% do consumo global de carne suína, reflete também no mercado brasileiro.

Segundo dados de consultorias, esperava-se, em janeiro, o enxugamento de 10% da produção chinesa, um déficit de 3 a 5 milhões de carne suína. No entanto, as projeções mais recentes estimam perdas causadas pela peste no gigante asiático de 20% a 35% da produção total. De acordo com o Rabobank, embora a oferta da proteína na China tenha sido suficiente no primeiro trimestre, as importações podem aumentar substancialmente no restante do ano por conta de escassez no mercado doméstico. Quarto maior produtor da carne do mundo, o Brasil é uma das principais opções para a importação. Neste cenário, após as dificuldades enfrentadas no ano passado pelos produtores brasileiros, a suinocultura no Brasil encontra à frente um 2019 promissor, com a China impulsionando o crescimento das exportações.

O ano do porco chinês, promete garantir a suinocultura brasileira: outro fator é a guerra comercial travada entre China e Estados Unidos, que já levou aos chineses a abrirem as portas para o suíno produzido no Brasil. Além disso, o nosso consumo doméstico tem potencial para crescer ainda mais.

Efeito russo

Segundo o Rabobank, a reabertura do mercado russo também deve contribuir para o aumento dos embarques brasileiros.

Conforme dados de mercado levantados pela Bolsa de Suínos do Interior de Minas (BSim), a Rússia retomou as compras de carne de alguns frigoríficos brasileiros no mês de novembro/2018 (um ano depois de fecharem as portas), elevando as exportações do país, conforme a tabela 1. No entanto, segundo o coordenador da BSim, Alvimar Jalles, a Rússia não será mais aquela importadora como no passado, que representou até 40% do que o Brasil exportava. “Mas ela retoma em um potencial que equivale um acrescido de 15% nas exportações brasileiras agora para 2019”, completa Jalles.

Para que o leitor compreenda o cenário de exportações brasileiras de 2019 com mais profundidade, no entanto, é preciso relevar os números do ano passado e o importante papel da Rússia para nossa economia – seja ele positivo ou não. E as informações processadas na BSim são essenciais para entender esse efeito russo.

De acordo com Jalles, as exportações nacionais foram muito bem em 2017, mas o volume despencou logo após a Rússia se fechar para o mercado brasileiro. “Ao final de 2017 e no início de 2018, as exportações estavam derrubadas, menos de 600 mil toneladas anualizado, e foram perdendo força cada vez mais. Com isso, o mercado interno ficou ofertado, ocasionando o derretimento do preço do produto em Minas”, explica.

Greve, China e a expectativa da retomada

Em maio/2018, o Brasil viveu um evento incomum: a greve dos caminhoneiros, que paralisou o país por quase duas semanas, afetando o mercado suinícola. De acordo com os dados catalogados pela BSim, logo após a greve houve um pico de preços, conforme tabela 2. Jalles explica que esse fenômeno se deu pelo desabastecimento causado pelo evento, mas que foi resolvido em poucos dias. Desse modo, os preços subiram, mas caíram rapidamente.

No segundo semestre de 2018, a China voltou a comprar o produto brasileiro e as exportações começam a retomar em um ritmo melhor, segundo Jalles. “A China para de buscar mercadoria dos EUA e vem buscar no Brasil. E no final do ano, os preços estavam em bom ritmo, melhores que 2017”, explica o coordenador.

Com a soma desses fatores (a retomada das exportações russas e a projeção de acréscimo dos embarques chineses), a expectativa é que 2019 tenha números melhores, favorecendo a retomada do crescimento da suinocultura brasileira.

Comparativo de produção China x Brasil

  • China: 53.400.000 (ton) – maior produtor do mundo
  • Brasil 3.758.000 (ton) – quarto maior produtor do mundo

Caso a projeção de enxugamento de 10% da produção chinesa se concretize, o gigante asiático precisará repor três a cinco milhões de toneladas de carne suína, ou seja, um Brasil.

Fonte: Assuvap