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PERÍODO DE ALTA DEMANDA DESAFIA O SETOR DE PROTEÍNA ANIMAL

27 dezembro 2019

Alta nas exportações, aumento do consumo interno, alta nos preços….e a população tem se apoiado muito nos ovos para sua alimentação diária de proteína. De acordo com dados recentes do IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor – Semanal), levantado pelo FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), o aumento do valor da carne bovina já é sentido na inflação de outras fontes de proteína animal, a exemplo do frango. Em São Paulo, o preço do frango teve alta de 1,34% no último mês, diferente de outubro, quando essa taxa atingiu 0,78%. O valor acumulado no preço do produto praticamente dobrou entre as pesquisas feitas em uma semana. Tal comportamento é reflexo da substituição da carne bovina pelo frango. No caso da carne, esse aumento foi de 5,92% para 11,22% , entre a penúltima e a última semana de novembro, de acordo com análise da FGV. Outra alternativa, segundo especialistas, é que o ovo seja uma outra alternativa de proteína animal para entrar no lugar da carne bovina no prato do brasileiro, sem prejudicar o orçamento. E dentro deste panorama de consumo de proteína animal, outro dado foi divulgado recentemente: segundo a Associação Brasileira de Proteínas Animais (ABPA), o consumo de ovos em 2019 terá o maior índice da história, com média de 230 unidades por pessoa. Em 2009, a média era de 120 unidades, o que significa dizer que quase dobrou em 10 anos. Até o final do ano, serão 49 bilhões de ovos produzidos com a mais alta tecnologia nas granjas do país. O AviSite foi conversar com Leandro Pinto, Presidente do Grupo Mantiqueira, maior produtor de ovos da América Latina, para entender como a empresa tem se comportado neste atual cenário. “Temos 210 milhões de habitantes e um mercado muito grande internamente que com a melhora do poder aquisitivo acreditamos que também teremos um bom momento para proteínas”, destacou em entrevista exclusiva. Segundo Pinto, o ano de 2019 vem fechando bem melhor do que seu início, visto que tivemos o pior janeiro de todos os tempos. “Sobre 2020, acredito que será um ano desafiador devido diversos fatores como o câmbio valorizado, os custos dos insumos da ração subindo, o alto alojamento, entre outros. Se continuarmos preocupados apenas com a produção e não com o aumento do consumo, será sem dúvidas um ano desafiador”, destacou. A alta do milho foi um fator que não estava no radar da empresa, segundo conta o empresário. “Porém que se tornou uma realidade com o aumento do câmbio e também das exportações em consequência do câmbio em 2019”, disse. Leandro Pinto ainda aponta que o país registrou o aumento do consumo per capita de 190 ovos para 212, que sem dúvidas foi uma grande superação do setor. “Acredito que esse permanecerá sendo o desafio para 2020, alcançarmos o número de 230 ovos per capita, e assim sucessivamente”, disse. De acordo com ele, também houve avanços significativos relativo ao Ministério da Agricultura. “Temos hoje uma ministra atuante, sem foco em política mas na solução de problemas do Brasil. Inclusive nesse ano pude vivenciar um fato inédito, quando numa terça-feira às 19h40, consegui falar no Ministério de Agricultura, ser atendido e ter o problema resolvido”, contou. “O mercado espera uma maior profissionalização do setor, envolvendo cuidados com os produtos, melhor qualidade, limpeza, sanidade e também o atendimento às demandas, que estão surgindo através da revolução nos hábitos de consumo, com foco na sustentabilidade e no bem- estar animal”, disse. Acompanhe os principais trechos: Como o Senhor está avaliando o atual momento do mercado de proteína animal, sob os aspectos exportação x consumo interno)? Não podemos esquecer que temos 210 milhões de habitantes e um mercado muito grande internamente que com a melhora do poder aquisitivo acreditamos que também teremos um bom momento para proteínas. Mas também não podemos esquecer que o Brasil é a fazenda do Mundo e que com o câmbio valorizado, a tendência é que as exportações aumentem, melhorando os preços internamente. Como as empresas do setor avícola de postura devem se manter neste atual momento, nesta segunda quinzena de dezembro? Esta é uma época de alta sazonalidade para a produção de ovos, independentemente de fatores externos do mercado, portanto sabemos que é um período de alta demanda, podendo haver falta do produto. Só não podemos esquecer que janeiro é um mês com mais desafios. O Grupo Mantiqueira foi pego de surpresa com o atual momento do avanço dos preços das carne bovina e de frango? Como a empresa está se comportando para este ajuste de mercado? O consumo de ovos vem aumentando ano a ano. Já prevíamos um aumento para este ano e acreditamos que a verdadeira causa é o fato de o ovo ter vencido em todos os tribunais por quais foi condenado, saindo da posição de vilão e passando a ser o grande herói da saúde. Vemos pessoas consumindo cerca de 30 ovos por dia o que há 10 anos era inimaginável. O consumidor hoje já reconhece o poder nutricional do alimento que é o segundo mais completo do mundo, só perdendo para o leite materno, e todas essas verdades nas quais acreditamos há anos são cada vez mais de fácil acesso à população, portanto, acredito que, mesmo havendo uma possível migração entre proteínas para uma opção mais acessível, o aumento no consumo de ovos é muito mais por mérito do que o alimento oferece e acreditamos que as pessoas que migraram para o ovo como opção de proteína, com certeza vão continuar consumindo mais ovos. Quais são as projeções do Grupo Mantiqueira para esse final de ano? O ano de 2019 vem fechando bem melhor do que seu início, visto que tivemos o pior janeiro de todos os tempos. O mercado espera uma maior profissionalização do setor, envolvendo cuidados com os produtos, melhor qualidade, limpeza, sanidade e também o atendimento às demandas, que estão surgindo através da revolução nos hábitos de consumo, com foco na sustentabilidade e no bem- estar animal. Sobre 2020, acredito que será um ano desafiador devido diversos fatores como o câmbio valorizado, os custos dos insumos da ração subindo, o alto alojamento, entre outros. Se continuarmos preocupados apenas com a produção e não com o aumento do consumo, será sem dúvidas um ano desafiador.

Fonte: AviSite