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PETROBRAS CONGELA PREÇO DO DIESEL POR 15 DIAS

27 março 2019

A Petrobras anunciou nesta terça-feira, 26, duas medidas favoráveis aos caminhoneiros, que devem influenciar o movimento de greve articulado nas redes sociais. A petroleira se comprometeu a congelar o preço do óleo diesel nas refinarias por pelo menos 15 dias e ainda lançar um “cartão caminhoneiro” para a compra do combustível a um valor fixo nos postos da BR Distribuidora.

A nova ferramenta deve funcionar como proteção contra a volatilidade de preços da estatal, que acompanha as oscilações do mercado externo. Apesar do anúncio, a articulação para a greve ainda permanece em alguns grupos do WhatsApp.

Por causa da política de preços dos combustíveis da Petrobras, os caminhoneiros pararam o País, em maio do ano passado. Neste início de ano, com o petróleo em alta, o diesel voltou a ser uma ameaça e mais uma vez a classe avalia cruzar os braços.

O problema começou ainda na gestão do ex-presidente da companhia Pedro Parente que, para recompor o caixa, determinou a revisão diária da tabela nas refinarias, em linha com o mercado internacional. Sem saber o preço que pagaria pelo combustível no fim de uma viagem, os caminhoneiros entraram em greve e Parente perdeu o cargo. Além disso, para encerrar os protestos, o governo ainda subsidiou por um semestre. Apenas em 2019, o diesel voltou a ser reajustado periodicamente, semanalmente. Nesta terça, sob ameaça de nova greve, a Petrobras anunciou que vai manter os preços inalterados por, pelo menos, mais uma semana.

Reportagem publicada no fim de semana pelo Estado mostrou que o governo tem monitorado as primeiras movimentações de caminhoneiros no País. O acompanhamento é feito pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e apontou o início de uma articulação por meio de mensagens de WhatsApp.

A pauta de reivindicações da classe tem três focos. O primeiro pedido diz respeito ao piso mínimo da tabela de frete. Os caminhoneiros reclamam que as empresas têm descumprido o pagamento do valor mínimo e cobram uma fiscalização mais ostensiva da ANTT. O segundo é o preço do óleo diesel. Os caminhoneiros querem que o governo estabeleça algum mecanismo para que o aumento dos combustíveis, que se baseia no dólar, seja feito só uma vez por mês, e não mais diariamente. O terceiro item diz respeito à construção de mais estruturas de paradas de descanso para os caminhoneiros, ao longo das estradas.

O anúncio de ontem da Petrobras atende em parte as demandas, mas por isso não é por si só uma garantia de suspensão da greve. Mesmo no que se refere exclusivamente ao valor do combustível, representa um aceno parcial de que vai se ajustar às reivindicações. Em vez de um mês, a empresa garantiu 15 dias de congelamento, embora o preço possa permanecer inalterado indefinidamente.

Cartão

Além disso, a empresa sinalizou com um novo mecanismo de proteção às oscilações internacionais das commodities. Em até 90 dias, vai lançar, com a subsidiária BR Distribuidora, o cartão caminhoneiro, que vai permitir a compra do combustível a um preço fixo por um espaço de tempo ainda não definido. Os detalhes de como funcionará a ferramenta ainda estão sendo analisadas e vão ser anunciadas pela empresa.

Leonardo Gadotti, presidente-executivo da Plural, entidade que reúne distribuidoras do porte da BR, Raízen e Ipiranga, não vê problemas para a concorrência de mercado.

Segundo ele, desde que os ajustes de preço não sejam previamente anunciados e continuem tendo como parâmetro o mercado internacional, os investidores não serão contra esta iniciativa.

Fonte: O Estado de São Paulo