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Segundo maior produtor, Paraná responde por um quinto da batata do País

9 março 2021

Dos solos de Guarapuava e dos municípios vizinhos saem 28% das batatas que estão nas prateleiras dos supermercados e nas barracas dos feirantes e que fazem o Paraná que Alimenta o Mundo. No Estado, também se destacam no plantio a Região Metropolitana de Curitiba e os Campos Gerais. Juntos, os três núcleos são responsáveis por 70% da produção estadual. Há quase 30 anos no ramo, o produtor rural e empresário Osmar Kloster de Oliveira está envolvido em todo o processo da produção da batata. Conta atualmente com uma área plantada de 250 hectares e é proprietário de uma das oito beneficiadoras de Guarapuava. A batata produzida por Kloster alimenta o mercado interno paranaense e também é comercializada para o Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Espírito Santo. “Colhemos a batata de manhã e ela é beneficiada no mesmo dia, para no dia seguinte já estar nas Ceasas e nos atacadistas, que fazem a distribuição para os mercados e feiras. Todo esse processo ganhou muita agilidade nos últimos anos, com bastante tecnologia envolvida em cada etapa de produção”, explica. SAFRA – O Paraná cultiva duas safras de batata: a das águas, plantada entre agosto e dezembro, e a safra da seca, que é semeada nos meses de dezembro a maio. Da primeira, foram colhidas 460,6 mil toneladas, e a expectativa da segunda é colher 352 mil toneladas até o final de maio e início de junho, basicamente da variedade ágata, que domina a produção. Foi plantada, para toda a safra 2020/2021 do Paraná, uma área de 28,2 mil hectares. O Valor Bruto de Produção (VBP) do tubérculo era de R$ 1,24 bilhão em 2019, no último cálculo do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. A regional de Guarapuava respondia por 30% de todo o VBP da cultura no Estado, com um valor de quase R$ 383 milhões. GUARAPUAVA – A batata é o principal produto da olericultura paranaense – que abrange o cultivo de legumes, verduras e frutos como o tomate – e domina mais de um quarto da produção estadual nessa atividade. Porém, diferente das outras olerícolas, cujo plantio é feito normalmente por agricultores familiares, nos arredores de Guarapuava o tubérculo é produzido, na maioria, por médios e grandes produtores rurais, em um processo que envolve tecnologia de ponta em todas as etapas e um grande contingente de trabalhadores. Por se tratar de um produto perecível, parte da colheita e do beneficiamento ainda exige bastante mão de obra. Os produtores estimam que de 5 mil a 6 mil postos de trabalho sejam criados no auge da safra na região. “Entre dezembro e junho, quando acontece a colheita, as oito beneficiadoras da cidade empregam de 70 a 80 pessoas cada uma. No campo, as batatas são arrancadas do solo por uma máquina, mas para catar do chão o processo é manual, o que também envolve muitos trabalhadores. Isso sem contar os empregos indiretos, de caminhoneiros, agrônomos, nas oficinas e revendas. A geração de emprego é muito boa”, afirma Kloster. “O clima favorável de Guarapuava é determinante para o sucesso da cultura. Desde que foi introduzida aqui, a produtividade sempre foi forte em relação a outras regiões. A cooperativa ajudou muito para impulsionar a atividade e investiu em assistência técnica, financiamento e na comercialização”, explica o agrônomo Arthur Bittencourt Filho, chefe do escritório regional da Secretaria da Agricultura em Guarapuava. “A grande maioria dos produtores planta uma área expressiva, de porte médio para grande, onde muita tecnologia é empregada”, afirma. TECNOLOGIA – Diferente dos cultivos de antigamente, os produtores agora têm em mão uma gama de estudos de melhoramento genético, preparação de solo, irrigação e um maquinário de ponta que agilizou e tornou mais forte a produtividade, com uma colheita média de 800 sacos, ou 4 mil kg, de batata por hectare plantado. Um exemplo é na produção de sementes, que exige um processo especializado e muito conhecimento genético. Um mini-tubérculo, livre de vírus e outras doenças, é desenvolvido em laboratório e pode ser reproduzido por até duas gerações. Para se desenvolver, ele é plantado em regiões mais quentes, geralmente no Norte ou Noroeste do Paraná. Já maiores, as sementes voltam a Guarapuava e ficam armazenadas em câmeras frias, com temperaturas controladas de 4ºC em média, para serem plantadas escalonadamente entre as safras. “A semente é como um plantio de batatas, mas que cuida muito da parte genética. Há muito cuidado para que ela não se infecte, por isso é usada apenas por duas gerações. Com o tempo e manuseio a qualidade se perde e diminui a produtividade”, conta o produtor. “Antigamente se fazia muito de tirar as miúdas para plantar no ano seguinte, pois tinham muito dinheiro para investir na próxima safra, o que diminuía a produção e acabava aumentando os custos.” A preparação de solo é outra preocupação. O cultivo da batata é rotacionado: após a colheita, ela só pode ser plantada naquela área três anos depois, para que não haja a disseminação de doenças que podem comprometer a produtividade. Enquanto isso, os produtores procuram outros locais para arrendar e aquele terreno dá lugar a outras culturas, como soja, cevada, trigo e milho. “Ela acaba ajudando muito a melhorar o solo. Como na cultura de cereais é usado principalmente o plantio direto, a rotação com a batata ajuda a revirar a terra, além de deixar resíduos de adubo e correção de solo para as próximas culturas. Quando arrendamos, devolvemos um terreno melhor”, destaca Kloster. No plantio, a irrigação é essencial, e os tubérculos são cultivados geralmente próximo a rios, para facilitar o acesso à água. Já o processo para que o alimento chegue à mesa é tecnificado. Envolve mangueiras para a lavagem e muitas esteiras, engrenagens e pessoas que selecionam a melhor batata para ser comercializada. Fonte: Sec. de Agricultura de PR