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SEM RECUPERAÇÃO NOS PREÇOS DO AÇÚCAR, USINAS DO BRASIL VOLTAM A FOCAR EM ETANOL

13 maio 2019

À medida que as expectativas de um déficit global de açúcar não conseguiram alavancar os preços, deixando os valores de referência do produto próximos a mínimas de vários anos, as usinas brasileiras retornaram à sua preferência do ano passado, o etanol, que segue os preços da gasolina e também aumenta de valor nas bombas.

A facilidade com que as usinas brasileiras mudam de produção, do adoçante para o combustível, faz delas um fator importante nos mercados do açúcar. O superávit global do produto recuou no ano passado, conforme o Brasil, tradicionalmente o maior produtor mundial, registrou um corte de quase 10 milhões de toneladas na produção do Centro-Sul.

Franciele Rivero, analista da trading açucareira Sopex, espera que o Brasil repita neste ano a alocação de 35 por cento da cana para o açúcar, em linha com a mínima recorde da última temporada.

“No início do ano, alguns analistas esperavam que o mix fosse maior para o açúcar, de 39 ou 40 por cento, mas isso mudou”, disse ela.

Algumas usinas brasileiras, como a Alcoeste, em Fernandópolis (SP), já desfizeram negócios na exportação de açúcar deste ano.

“Eu tinha alguns contratos com uma cláusula de cancelamento, e decidi cancelá-los. As margens são negativas para exercer esses contratos, então eu preferiria não produzir esse açúcar”, disse o usineiro Luís Arakaki. A Alcoeste quase não produziu açúcar no ano passado, com sua unidade de processamento do adoçante permanecendo ociosa.

O Grupo Usina Santa Adélia demitiu 50 trabalhadores em uma fábrica de açúcar ociosa em Sud Menucci (SP).

O grupo, que faz parte da Coopersucar, disse que cumprirá suas obrigações contratuais produzindo açúcar apenas em sua unidade principal, Santa Adélia, em Jaboticabal.

Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo, diretor comercial da usina Alta Mogiana, afirmou que uma vantagem de maior preço para o etanol fará com que as usinas favoreçam o biocombustível na maior parte da safra.

A Alta Mogiana foi uma das várias usinas que investiu em equipamentos de destilação para a nova temporada, aumentando a capacidade de 1,2 milhão de litros por dia para 1,4 milhão de litros diários.

Plínio Nastari, analista chefe da consultoria Datagro, disse que os limites na capacidade do etanol ainda podem sustentar a parcela de açúcar em uma grande colheita de cana.

Se esta temporada tiver produção de mais de 580 milhões de toneladas de cana, como Nastari prevê, talvez as usinas possam converter menos de 65 por cento disso em etanol, transformando o restante em açúcar. A safra da última temporada foi de 573 milhões de toneladas.

Fonte: Reuters