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SETOR DE AÇÚCAR INDIANO ALMEJA “OPORTUNIDADE DE OURO” NA INDONÉSIA

27 fevereiro 2020

A Índia, que compete com o Brasil como principal produtor mundial do produto, poderá vender 250 mil toneladas de açúcar bruto para a Indonésia até o final do período de moagem local, em maio. O volume foi calculado a partir da média de seis estimativas obtidas em uma pesquisa da Bloomberg com comerciantes e órgãos oficiais. Isso acontece após uma mudança nas exigências de qualidade do país do sudeste asiático. Na segunda-feira (17), o diretor geral de lavouras do Ministério da Agricultura, Kasdi Subagyono, anunciou que a Indonésia alterou a especificação de cores das importações de açúcar bruto para permitir embarques da Índia. O governo reduziu pela metade a medida Icumsa, chegando a 600. A Icumsa é a Comissão Internacional para Métodos Uniformes de Análise de Açúcar. A maioria das usinas indianas produz açúcar bruto com Icumsa de até 800 e não poderia enviar para a Indonésia nas regras antigas, quando o país exigia um índice de 1.200. Segundo Subagyono, isso deve acrescentar o volume necessário para que a Indonésia atenda ao aumento do consumo de açúcar. Ainda que a medida seja direcionada para a Índia, ela se aplica a todos os fornecedores. Assim, a Índia pode retornar ao mercado da Indonésia depois de uma severa seca cortar a produção na Tailândia, normalmente o principal fornecedor de açúcar bruto para o país. O novo mercado de exportação pode ajudar a restringir os crescentes estoques da Índia, que subiram para um recorde de mais de 14 milhões de toneladas em 1º de outubro. “Esta é uma oportunidade de ouro para exportarmos açúcar para a Indonésia”, disse o diretor da federação nacional das cooperativas de açúcar, Prakash Naiknavare. “As usinas só precisam interromper a produção de açúcar branco e começar a produzir açúcar bruto nos dois meses antes do fim da temporada de moagem”. Preços globais O aumento das exportações da Índia pode conter o aumento dos preços globais, que subiram cerca de 10% este ano devido à preocupação com a produção da Tailândia, segunda maior exportadora mundial da commodity. O país foi atingido pela pior seca em 40 anos e a perspectiva é que as exportações de açúcar possam cair cerca de 40%, para 6 milhões de toneladas, de acordo com uma estimativa do setor. “Os contratos de exportação precisam ser assinados rapidamente para que as usinas de Maharashtra e Karnataka produzam açúcar bruto antes que a moagem termine”, disse o diretor-geral da associação indiana de usinas, Abinash Verma. Do outro lado, as refinarias indonésias estão aguardando uma notificação oficial sobre a regra Icumsa antes de assinarem contratos de importação com fornecedores indianos, conforme o presidente da Associação de Refinadores de Açúcar da Indonésia, Bernardi Dharmawan. O grupo reúne 11 refinarias que processam apenas açúcar bruto importado para usos industriais. Segundo Dharmawan, a Indonésia pode comprar 300 mil toneladas da Índia este ano, considerando a oferta insuficiente da Tailândia. Ele acrescenta, porém, que as compras reais devem depender dos preços. Por sua vez, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos estima que a Indonésia, maior importador mundial de adoçante, comprará 4,4 milhões de toneladas de açúcar bruto em 2019/20.

Fonte: Bloomberg